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Máscara mortuária de José Mauricio

Máscara mortuária de José Mauricio Nunes Garcia 1

OS ÚLTIMOS ANOS

Em 1826, como comprovado em pesquisas recentes, o rei D. João VI morreu envenenado. A notícia da morte do monarca causou comoção no Rio de Janeiro, e em especial em José Maurício. Já doente nessa época, o compositor pouco saía de casa.

Nesse ano, dois de seus alunos, em nome da irmandade de Santa Cecília, encomendaram-lhe a uma "Missa a grande orquestra". A hoje conhecida "Missa de Santa Cecília" (CPM 113), apresentada em 22 de novembro desse ano, seria o último trabalho. É uma obra monumental, e a partitura autógrafa mais tarde foi doada pelo filho, o Dr. José Mauricio Nunes Garcia Jr., a título de taxa de admissão ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. De 1826 a 1830, José Maurício dedicou-se a rever a orquestração de sua maior missa, e escreveu um Tratado de Harmonia e Contraponto, que se perdeu.

Mesmo passando por momentos de instabilidade financeira, o compositor fazia uso das relações pessoais para interceder em favor de Apolinário José, o único que reconheceu como filho. Numa demonstração de que ainda era prestigiado, conseguiu para ele a dispensa do serviço militar, pois fora recrutado à força nas ruas do Rio de Janeiro para lutar na guerra da independência da então Província Cisplatina. Em outra ocasião, quando contra ele foi movida uma intriga por um colega da escola de medicina, conseguiu que o processo fosse arquivado. Nos anos finais, desiludido com a profissão de músico, o pai lhe arranjou casamento com a filha de um Angolista (mercador de escravos), que o filho não chegou a concretizar. Em 1828, o compositor renunciou ao título de Cavaleiro do Hábito de Cristo em benefício do filho, que mudou o nome para José Maurício Nunes Garcia Jr.

No início de 1830, ele morava numa casa na Travessa do Núncio, atualmente rua República do Líbano.

Em fevereiro 1830 Marcos Portugal morreu, sendo sepultado no Convento de Santo Antônio. José Maurício, pressentindo que sua vez havia chegado, mandou transportar a própria cama para o primeiro andar da casa, "para não dar trabalho". Em 18 de abril, presentes o filho e um escravo, ele morreu, sussurrando um hino a Nossa Senhora. A irmandade de Santa Cecília foi responsável pela missa fúnebre. Na cerimônia, uma pequena orquestra executou a "Sinfonia Fúnebre" (CPM 230), composta 40 anos antes. Foi sepultado na igreja de São Pedro dos Clérigos.


Assento de óbito de Marcos Portugal
Assento de óbito de Marcos Portugal 2

Assento de óbito de José Maurício
Assento de óbito de José Maurício 3


1 PORTO ALEGRE, Manuel de araújo. Máscara mortuária de Joeé Maurício Nunes Garcia. Acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. In MATTOS, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia - Biografia. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1997. Caderno de fotografias, p. XX.

2 "Aos dezessete dias do mes de Fevereiro de mil oitocentos e trinta annos, na casa de sua morada na rua do Lavradio falesceo Marcos Antonio Portugal, casado com Dona Maria Joanna Portugal e no dia dezoito foi por mim encomendado e acompanhado em andas para o Convento de Santo Antonio, onde foi sepultado, amortalhado com vestes de cavalleiro de que para constar fis este assento. O Cônego Cura Luiz Marcianno da Sª". Livro de Óbitos das Pessoas ocupadas no Serviço do Paço (1808-1887). Acervo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro. p. 57v.

3 "Aos dezoito dias do mes de Abril, de mil oitocentos e trinta annos, na casa de sua morada, na travessa do Nuncio, falesceo o Reverendo Jose Mauricio Nunes Garcia, e no dia desanove foi de licença encomendado e sepultado na Igreja de S. Pedro desta cidade, amortalhado nas vestes sacerdotais de que para constar fis este assento. O Conego Cura Luiz Marcianno da Sª". Ibid., p. 58r.


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