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Panorama e mapa do Rio de Janeiro, em 1775. A cidade se modernizava com as obras do Marquês do Lavradio. 1

O RIO DE JANEIRO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII

Na primeira metade do século XVIII, o Rio de Janeiro ainda era uma povoação em precárias condições. A maioria das casas eram construídas sobre o aterro de alagadiços, e as ruas, sem calçamento, utilizadas como local de despejo de dejetos.

De 1733 a 1762, foi governador e capitão-general da capitania do Rio de Janeiro Gomes Freire de Andrade, a quem foi concedido, em 1758, o título de conde de Bobadela. Ao sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, delegou obras como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores, terminada em 1743, e o chafariz ou fonte pública da praça do Carmo. Promoveu também a construção de templos religiosos, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da Ajuda, demolido no início do século XX. Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia, no Rio de Janeiro em 1747, e logo fechada por ordem do governo português. Incentivou a cultura, com a criação de academias de intelectuais: a Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752), ambas de breve existência.

É anterior a 1747 a fundação do mais antigo teatro conhecido no Brasil, o do Padre Ventura, ou a "Casa da Ópera". Situava-se no Largo do Capim, junto à Rua do Fogo, local hoje próximo à esquina da Rua Uruguaiana com a Avenida Presidente Vargas. O teatro foi completamente destruído por um incêndio em 1769, possivelmente, durante a encenação da peça "Os Encantos de Medéia", de Antônio José da Silva. Há registros de que várias outras “óperas” do Judeu foram ali representadas.

Após a morte de Gomes Freire de Andrade, no início de 1763, o Rio de Janeiro transformou-se em capital do Vice-Reino do Brasil, administrada diretamente por um vice-rei. O primeiro deles foi Antônio Álvares da Cunha, conde da Cunha, que governou de 1763 a 1767. Cunha melhorou as fortificações existentes na cidade do Rio, e deu início a outras, como os Arsenais de Guerra e da Marinha. Das obras civis, foi responsável pela fundação do Hospital dos Lázaros, um dos mais antigos da cidade, e pelo saneamento da grande vala utilizada como esgoto, na antiga rua da Vala, hoje rua Uruguaiana.

Sucedeu a Cunha por dois anos (1767-1769) Antônio Rolim de Moura Tavares, conde de Azambuja, que cuidou do melhor aparelhamento das defesas da cidade, na possibilidade de um ataque espanhol.

Azambuja foi, por sua vez, sucedido por Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d'Eça e Melo Silva Mascarenhas, o Marquês do Lavradio (1769-1778), que levou em frente as obras militares necessárias à defesa do Rio de Janeiro, e remeteu tropas e armamentos para o sul do Brasil. Contou com a cooperação de estrangeiros a serviço de Portugal, como o Tenente-General alemão João Henrique Bohem e o Brigadeiro sueco Jaques Funck.

Lavradio teve lidar com a situação melindrosa criada no Brasil pela extinção, em 1759, da Companhia de Jesus. No campo da educação, para substituir o ensino dos Jesuítas, instituiu as "aulas régias", ensino gratuito financiado pelo subsídio literário, imposto criado em 1772.

O Passeio público
Planta do Passeio Público, de Mestre Valentim
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Ainda na administração de Lavradio foi inaugurado o teatro da Nova Ópera, junto à casa dos governadores, e que até 1813 foi o local tradicional para apresentações de peças teatrais e musicais.

O sucessor de Lavradio, Luís de Vasconcelos e Souza, conde de Figueiró (1778-1790), muito fez pela cidade: protegeu artistas, como Mestre Valentim da Fonseca e Silva e Leandro Joaquim; mandou aterrar a lagoa do Boqueirão, tradicional foco de doenças, e sobre o aterro construiu, em 1783, o primeiro jardim público na cidade, o Passeio Público, projetado por Valentim; reformou o Largo do Carmo, construindo uma murada projetada por Jacques Funck e um chafariz também projetado por Valentim; abriu ruas, como a Rua do Passeio, e a Rua das Bellas Noutes, atual Rua das Marrecas. Mandou construir a chamada Casa dos Pássaros, origem do Museu Nacional do Rio de Janeiro, no Largo da Lampadosa. Reedificou a Alfândega e no geral, foi o precursor do urbanismo no Rio de Janeiro. Com o seu patrocínio foi fundada a Sociedade Literária, que reuniu vários intelectuais brasileiros.

O Passeio Público tornou-se bastante frequentado nas noites de lua cheia ou crescente (bellas noutes), e era comum nele ouvirem-se serenatas com modinhas e lundus.

No entanto, a descoberta da Conjuração Mineira, a prisão e o julgamento dos revoltosos provocaram o endurecimento político do governo, que restringiu o direito de reunião.

O sucessor de Vasconcelos, José Luís de Castro, o Conde de Rezende (1790-1801), fechou a Sociedade Literária, mandando prender e processar os seus membros, inclusive o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga e Mariano José Pereira da Fonseca, futuro Marquês de Maricá. Além de introduzir a iluminação com óleo de baleia, pouco fez pela cidade.


A Lagoa do Boqueirão
A lagoa do Boqueirão, aterrada para a construção do Passeio Público, e os arcos da Lapa 3


1 VILHENA, Luís dos santos. Prospecto e Planta da cidade do Rio de Janeiro em 1775. Aquarela. Acervo da Biblioteca Nacional. In MACEDO, Joaquim Manuel de. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garnier, 1991. Caderno de Fotografias, à p. 40.

2 MACEDO, op. cit., p. 59.

3 JOAQUIM, Leandro. Arcos da Carioca e Lagoa do Boqueirão. Óleo. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro. In MACEDO, op.cit., caderno de fotografias à p. 40.


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